Uma ou Mais Depressões?

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Hoje em dia já se admite que o termo depressão é a parte de cima de um guarda-chuva. Ou seja, há mais de um tipo de depressão. Na verdade, vários, com causas e consequências diferentes.
Em artigo do jornal O Estado de São Paulo de 02/09/23, o assunto é tratado de forma bastante aberta. Ele começa citando que pesquisas indicam que mais de 80% das pessoas culpam um desequilíbrio químico de serotonina no cérebro por eventuais comportamentos depressivos.
Essa substância ajuda a controlar várias funções sistêmicas do organismo, como a temperatura corporal, o sono, a fome e até o desejo sexual. Claro que o remédio que controla este desequilíbrio, aumentando a quantidade de serotonina, virou sensação. Porém, as causas da depressão vão mais longe do que esse eventual desequilíbrio.
Recentes pesquisas indicam que pessoas com depressão não pareciam ter menos atividade de serotonina do que aquelas sem o distúrbio. Essa conclusão tem levado os especialistas a repensarem até mesmo o que é a depressão e como defini-la.
Algumas teorias buscam as causas em componentes genéticos. Uma pessoa que é descendente de alguém com problemas de depressão tem de 40 a 50% de chance de também ter esses problemas. E se ambos os genitores tiverem essa propensão, o risco aumenta.
Por outro lado, há sempre uma boa notícia: ter o gene é uma coisa, ele estar ativado é outra. Há eventos que podem ser os iniciadores de uma ou mais crises de depressão e, em não havendo tal episódio, uma pessoa pode passar a vida toda sem experimentar essa condição. Estudos tem sido realizados neste sentido.
Estudar os genes certamente irá nos ajudar a mapear a tendência ou não para a depressão. Na verdade, irá nos ajudar a mapear várias possíveis tendências e facilitar um tratamento precoce.
Portanto, se você entende que pode ter uma inclinação à depressão, procure um especialista que esteja a par do que há de mais moderno no assunto. É cedo para dizer qual tratamento é adequado para qual situação genética. Contudo, já sabemos que as causas são diversas e as formas de tratar e lidar com o assunto também. Tratamentos devem ser personalizados.
Uma das palavras da moda no circuito de especialistas cerebrais é neuroplasticidade. Significa que mais de 90% de tudo o que se aprendeu a respeito do cérebro foi feito nos últimos anos. E a neuroplasticidade explica a possibilidade de o cérebro criar novas conexões até o último momento de vida, mesmo em pessoas idosas.
Se não temos todas as respostas ainda, vai aí uma dica simples e que pode ajudar a todos, tanto os que sofrem de depressão, quanto os que não sofrem: uma das formas de se ampliar as conexões cerebrais a qualquer momento na vida é fazer coisas diferentes.
Vamos lá: não significa voltar a estudar francês ou violão. Significa que, se você algum dia na vida já estudou francês, então agora deve estudar japonês, húngaro ou qualquer outro idioma. O mesmo serve para os instrumentos musicais. Claro que sempre será bom retomar o estudo de qualquer um deles, até mesmo porque a música desenvolve conexões neurais que nenhuma outra atividade desenvolve. Mas, para a criação de novas conexões, você, que já tocou violão algum dia na vida, precisará começar a estudar piano, flauta ou bandolim. Ou qualquer outro instrumento.
Se achou muito complicado, comece por atitudes simples. Eleja em uma lista dez ações corriqueiras. Vou começar com apenas três abaixo:

  1. Escovar os dentes
  2. Tomar banho
  3. Levantar-se
    Após redigir a sua própria lista, pense em como pode alterar a ação. Por exemplo:
  4. Escovar os dentes com a outra mão
  5. Tomar banho de luz apagada (além de tudo, vai economizar dinheiro!)
  6. Levantar-se do outro lado da cama
    Lembre-se: você não precisa ser perfeito em tudo. Comece do tamanho que consegue. Mas fazer as coisas de forma diferente pode ajudar a evitar a depressão, bem como a outros males.

Seja feliz e tenha tempo para as pessoas que você ama!

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