Existe uma máxima que diz “o trabalho dignifica”. E dignifica mesmo, no sentido de que traz uma ocupação para as nossas vidas onde somos convidados a ser produtivos e a construir algo que – junto a uma equipe, seja ela mínima ou imensa – gerará valor. Este valor normalmente é também medido financeiramente, porém, muitas vezes é muito mais fácil medir em termos de ganho para o nosso espírito ou até mesmo para a sociedade como um todo.
Contudo precisamos ficar muito atentos para que o trabalho seja realmente algo construtivo. Os nazistas colocaram os seguintes dizeres sobre os campos de concentração: Arbeit mach frei – ou seja, o trabalho liberta. Claro que era de um cinismo imenso pois eles não iriam libertar ninguém e a ideia era incentivar as pessoas a trabalhar incessantemente sem reclamar pois o trabalho supostamente as “libertaria” de suas tristezas e preocupações, como se isso fosse possível em condições tão absurdas.
Porém, acaba sendo um bom guia como provocação para nós pensarmos no seguinte: quanto nós aguentamos de pressão e de volume de trabalho e fim de buscar uma performance excelente?
É famoso o experimento onde foi colocado um sapo em uma grande panela com água em temperatura ambiente. Estava cômodo e tranquilo. No entanto, os pesquisadores acenderam um fogo sob a panela e a água começou a esquentar. Eles tiveram o cuidado para fazer este aquecimento ser bem lento. E o que aconteceu? O sapo foi se acostumando com a temperatura cada vez mais quente e acabou morrendo.
Esse é o cuidado que precisamos ter. Claro que o trabalho dignifica.
Porém, precisamos ter atenção no sentido de gerenciarmos quanto de trabalho levamos conosco quando não estamos mais no local de trabalho ou efetivamente no horário de trabalho. Se já era algo a ser atentado quando havia simples telefones para nos comunicarmos, agora que esses pequenos computadores carregam aplicativos como o whatsapp, somos tentados a ver as mensagens entrando a toda hora e a respondermos também. Há também os hábitos que mudaram durante a pandemia. Em muitos casos, pessoas que conviviam pessoalmente durante o expediente o fazem agora de forma remota e com mais frequência.
Além disso, há funções que necessitam de plantonistas e isso é fato em várias áreas ligadas à saúde e até mesmo à informática. Porém não é para todas as áreas destas profissões e certamente muito menos quando falamos em outros campos profissionais. É necessário impor limites. Se você ainda não se deu conta, o contrário de paz é zap!
Quando alguém nos requer profissionalmente nos sentimos impelidos a responder pois é uma demanda social pela nossa pessoa. E todos querem ser relevantes. A questão é que pode virar um hábito que pode gerar ansiedade. E é muito mais fácil criar um hábito do que se livrar dele.
Há ainda aquela sensação de Complexo de BBB. Sabe como é? Medo de estar perdendo algo. Mesmo que nada esteja acontecendo. Existe a cobrança do outro, mas nada é mais forte do que a autocobrança. Por isso, cuidado! Busque a temperança, o meio termo, o equilíbrio.
Não espere respostas imediatas dos outros. Respeite o tempo das outras pessoas dentro da normalidade e do que é razoável para resolver as questões. Se você respeitar o tempo dos outros, possivelmente estará se respeitando também e, mesmo que venha a ser alvo de mensagens constantes, saberá quando e como responder.
Antes de enviar mensagens, reflita se são realmente necessárias e se é um horário apropriado. Esta segunda questão nem é tão essencial porque sabemos que a outra pessoa poderá responder apenas quando abrir o celular ou o aplicativo. Portanto, enviou uma mensagem e a resposta não veio na hora, espere. Especialmente se estiver fora do horário de trabalho.
O nosso cérebro, assim como todo o organismo, precisa de períodos de ócio para se recompor. Não pode trabalhar o tempo todo em alta rotação. Esse respeito para com o nosso organismo leva ao desenvolvimento de boas ideias e à melhor utilização de todos os nossos recursos físicos e mentais.
Seja feliz e tenha tempo para as pessoas que você ama!