Facada na Mãe

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Não há dúvida que a palavra tem muito poder. Ela tanto pode deflagrar guerras, quanto pode selar a paz. Isso vale para povos e comunidades, porém também é verdade para as pessoas que
mais amamos. Aliás, normalmente são as pessoas que mais sofrem quando não queremos investir em autoconhecimento. Se uma criança belisca um irmão, pode machucar, mas a agressão é logo esquecida, até porque possivelmente foi uma mera provocação juvenil. O difícil é quando uma pessoa tem algo dentro de si mal resolvido e não investe em desenvolver novos comportamentos. Ela pode dar uma facada na própria mãe e não perceber.

Felizmente há pessoas que se dedicaram a entender causas e consequências do bom e do mau uso da palavra. Uma delas é William Ury, que em seu livro O poder do não positivo nos ensina a crucial importância de ouvirmos com atenção.
A simples ação de ouvir com atenção permite que realmente escutemos o que um interlocutor nos diz. Desta forma podemos fazer perguntas esclarecedoras e seguirmos em uma linha de comunicação que resolve conflitos ou até mesmo, não chega a cria-los.

Outra pessoa que se dedicou ao assunto de maneira muito interessante foi Julian Treasure, que explica quais são os sete pecados a serem evitados quando conversamos com os outros.

Ele cita:

  1. Fofoca: além de ser um péssimo hábito, tenha em mente que, se você estimula uma pessoa com fofocas, ela mesma tenderá a fazer fofocas a seu respeito.
  2. Julgar: todas as religiões ensinam que devemos respeito o outro. Mas se quisermos enfrentar de um modo laico a questão, basta dizer que, se você costuma julgar as pessoas com frequência, pode ter pessoas que passem a te evitar. Afinal, quem quer passar por uma avaliação constante?
  3. Negatividade: tudo no universo é energia. E quando nos dirigimos a alguém, emitimos energia neste processo. Há pessoas que, quando passam por nós, nos fazem sorrir e nos deixam mais leves. Há pessoas que, quando falam conosco nos deixam uma sensação de peso ou com dor de cabeça. Qual delas você escolhe ser?
  4. Reclamar: há quem veja um copo meio cheio de água como meio cheio e há quem veja como meio vazio. Contudo há ainda quem veja o copo como meio cheio de água e meio cheio de ar. Ler a vida e os seus acontecimentos como uma somatória de aprendizados e oportunidades é uma escolha. Mesmo que você sinta que costuma reclamar, comece a treinar o oposto. Tudo pode ser mudado com treino e perseverança.
  5. Desculpas: eu posso colocar a culpa dos meus infortúnios no atual presidente, no presidente anterior a ele (a), na economia ou em qualquer coisa. O grande risco que alguém corre de sempre ter uma desculpa para não conseguir o que quer é que se acostuma com as desculpas e desiste de alcançar sonhos e metas. A frase “eu sou muito jovem ainda” pode ser utilizada por muito tempo até que simplesmente ela muda para “eu sou muito velho para isso”.
  6. Exagero: nós podemos ser extremamente políticos e absorver os exageros ou sermos mais cartesianos e entender que eles podem ser até mesmo um tipo de mentira. Se eu falo que resolvo algo em um dia sabendo que levarei vários, é uma mentira. Cuidado.
  7. Dogmatismo: apesar de todos os sete pecados da fala serem muito graves, talvez esse seja o pior de todos pois retrata o solipsismo. Em tempos de tribos de redes sociais que se alimentam uns dos outros, é muito importante buscar informações de vez em quando em grupos diferentes e ouvir pessoas com opiniões diferentes. O risco é esse: sempre acreditar que a minha verdade é melhor do que a do outro o que, por definição, é impossível, ou nunca aprenderíamos nada de novo.

Antes de apontar na direção de alguém algo tão afiado quanto uma língua pode ser, melhor buscar apoio profissional de um terapeuta, um coach, ou pelo menos um curso de retórica e melhorar a forma de utilizar a palavra para o próprio bem e de todos com os quais convivemos!

Seja feliz e tenha tempo para as pessoas que você ama!

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