Existe algo chamado destino?

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A pergunta vem sendo feita desde que o homem saiu de sua condição animal e começou a indagar a respeito de questões fatídicas: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Existe uma inteligência superior?

Queremos saber parte de qual desenho maior nós fazemos. Temos a necessidade de entender se os nossos dias, meses e anos passam sob o nosso domínio ou se apenas atuamos em um enredo maior. Queremos ter pelo menos uma ideia da direção de nossa existência. Questionamentos fidedignos e profundos. Aliás, existe livre-arbítrio?

Perguntas de tal nível são feitas a partir de esferas diversas porque nos perseguem em todas as manifestações humanas, inclusive na filosofia e na arte e em tudo o mais pelo que passa o pensamento e sentimento humano.

Muitos que defendem a ideia do livre-arbítrio defendem que não há contradição em supor que Deus permite a existência do mal, mesmo sendo Deus onipotente e onisciente, porque mesmo um ser perfeitamente bom pode ter razões para permitir que um mal exista se houver um bem maior que não possa ser obtido sem a existência do livre-arbítrio. Como escolher se somente houvesse um lado a ser escolhido?

E, por outro lado, é logicamente impossível, até mesmo para uma figura como Deus, dar a uma criatura o livre-arbítrio e ao mesmo tempo garantir que esta criatura sempre escolha corretamente. Essa é parte da grande aventura chamada existência.

Porém, se existe uma coisa chamada livre-arbítrio, existe outra coisa chamada destino?

Há muitos que acreditam que, mesmo tendo o homem a capacidade de escolher, sendo essa capacidade um dom herdado de Deus ou não, há alguns momentos da vida da pessoa que estavam marcados para acontecer. E o livre-arbítrio está em decidir o que se faz a partir de momentos capitais como a morte de alguém muito próximo, a perda de uma parte do corpo em um acidente ou para uma doença, um desastre de proporções colossais, consequências de conflitos entre povos, etc.

Fala-se que as famosas primeiras quatro notas com as quais Beethoven inicia a sua Sinfonia No.5 deveriam ser entendidas como “o destino bate à porta”.

Seja essa concepção do próprio autor ou de outra pessoa, faz bastante sentido já que o tema é de uma simplicidade genial. Ele parece com uma batida à porta realmente, porém, é um perfeito tema, musicalmente falando. E mais, ele constrói o primeiro movimento inteiro da sinfonia basicamente com este tema e com as suas derivações.

E não é isso mesmo que é a nossa vida? Cada um de nós tem um propósito de vida, seu tema principal. E este tema é testado das mais diferentes formas ao longo de nossa existência, sofrendo derivações. Às vezes sentimos que há outras pessoas que compartilham dele ou de parte dele – outros instrumentos e naipes que participam do tema – às vezes há momentos em que somos solistas seguindo as nossas crenças.

Contudo o que talvez seja mais interessante ainda é que a nossa vida é feita de ciclos. Hipócrates já dizia que somos um todo formado por partes interligadas. Também a nossa vida é assim. Os ciclos são diferentes, porém, interligados. E isso que explica a magia de vidas que tramitam por áreas diferentes mantendo o mesmo centro moral ou de metas, objetivos e realizações, ainda que com mudanças muito importantes.

E a quinta sinfonia de Beethoven, onde entra nisso? São quatro movimentos individuais, perfeitos, maravilhosos, porém, que fazem parte intrínseca do todo e com comunicações entre as suas partes.
No próximo sábado a OSESP apresentará esta obra capital da literatura musical. É uma ótima oportunidade de se permitir ser questionado quanto ao livre-arbítrio, ao destino, aos ciclos de nossa vida, ao amor próprio e às nossas decisões. Tudo isso em uma única obra!

Seja feliz e tenha tempo para as pessoas que você ama!

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